domingo, 6 de maio de 2012

O Tempo e o Vento...


O Tempo e o Vento!

Sou filha do Tempo e, desde muito pequena, aprendi a calar meus medos e dúvidas. O desejo de saber sempre mais forte do que Eu, impunha limites que  não conseguia respeitar. E, por mais que tentasse escutar o que me diziam, era no silêncio que sempre encontrei minhas respostas. Àquilo que sempre não foi dito, foi o mais percebido, o que não podia ser mencionado, era interpretado, o que era para ser escondido sempre se mostrou. Aprendi a ler nas entrelinhas, a compreender minhas dúvidas e aproveitar esta angústia criativa como desafio de querer ir além.  Carrego sempre comigo uma enorme caixa, nela escrevo todos os pensamentos que, de repente, ansiosamente, percorrem meu corpo a procura de respostas. Por ser Ventania, o conhecimento sempre foi partilhado com muitas pessoas da minha caminhada, onde deixei muitos papéis pelo caminho e juntei tantos outros. A cada dúvida, uma palavra, em cada palavra, uma emoção intensamente vivida.  Sempre adorei andar por lugares que recriei e, de certa forma andei descritos e entendidos mas tão longe do meu viver. Neste andar, pude encontrar outras caixas, maiores, menores ou de igual tamanho, momento único quando jogávamos todas as dúvidas ao Vento, na esperança que ele trouxesse a resposta.
Mas um dia encontrei no meu caminhar um sopro Belo, que como eu colecionava pensamentos, porém ele não guardava em caixas, ele simplesmente ouvia do Vento as perguntas e devolvia na mesma intensidade ao Tempo que, poeticamente, entendia, fazia a tradução e devolvia em emoção. Neste caminhar Ventania e Belo formaram uma linda parceria, uniram inquietudes e souberam esperar o Tempo sem apressar o processo, apenas quebrando as certezas e instaurando a dúvida no apreender a com Viver.
Hoje após ter convivido com ele, mesmo estando longe, trago em meu olhar as paixões e inquietudes partilhadas por tanto Tempo. Este processo de convivência espalhou-se pela minha trajetória. construiu quem sou e fez-me entender o porquê de tantas inquietudes. Reconheço em cada gesto, em cada tristeza, em cada alegria a emoção Bela que trago comigo e em mim. Hoje, encontro no sopro do Vento as respostas que preciso, aprendi que o silêncio é a busca para a compreensão das minhas inquietudes, mas quando partilhadas tornam-se forma de conhecimento e entendimento. Às vezes escutar e reinventar são a única maneira de ousar, trabalhando com a emoção é acreditando que o sonho está logo ali, basta a gente querer alcançar.