segunda-feira, 13 de junho de 2016


O instante tem toque de demora.
Ele passa suavemente por nós. Toca o rosto deixando marcas de quem passou.
Toca a alma traduzindo em saudade o que deixou.
Toca o amanhã, esperança de quem viveu.
A demora é sábia. Faz transcrever a inspiração da pausa.

sábado, 9 de abril de 2016


     Ela esperava o silêncio. Acordou os sonhos para a vida. Ainda sentia o vento frio que saíra da boca daquele que um dia amou. Amou tanto que não percebeu o quanto afastava-se dele. O amor que um dia selou um encontro e uma esperança, tornou-se a bagagem. Essa foi a palavra que ecoava no tempo e no vento que soprava nos cabelos desalinhados. A vida construída, os medos, as alegrias, os sonhos desfeitos e outros tantos construídos, as vivências, o olhar de encanto no momentos que faziam amor. O toque, os suspiros, as pernas entrelaçadas, a pulsação, o coração... resumido em bagagem. Ela saiu caminhando sem olhar para o hoje. Pegou sua mala. Cuidadosamente teceu elos de ontem, hoje e amanhã. Escolheu cores lindas com nós desatados e outros tantos a atar. Sabia que a vida não caberia toda na mala. Seguiu pela estrada sentindo o calor da tristeza do olhar. Sentiu uma mão a roçar na alça da mala. Alguém que gostava, tanto quanto ela, da bagagem. Alguém que via encanto em descobrir também o que ali não estava guardado. Um contador de histórias, poeta das entrelinhas.