quinta-feira, 22 de maio de 2014

varanda

     Num lapso a solidão entregou  a alma livre nas mãos delicadas de afeto daquela mulher. O amor calado construiu uma linda rede na sacada da esperança em frente ao mar. Em cada balançar remexia lembranças, distraída ficava a contemplar a felicidade. Passos ternos  e lentos se aproximaram, ela não viu o Tempo passar!

poema em ti

      Ao ouvir a melodia da vida causa-me espanto o fugir! Até quando fugiremos das coisas simples sem tempo de olhar-mo-nos para nossos espelhos de sonhos, paralisados por medo de acordar. Acordei! Organizo o tempo do meu relógio, que conta os minutos que ainda não vivi, como um relicário guardado no abraço que transformou a desdobra das nossas mãos em poesia!

   A flor da minha pele descansa no desvio da minha emoção. No caminho, o que deixei para trás tem o tom de algo que não reconheço. Revisito minhas lembranças e tuas palavras confundem-se com as minhas, um emaranhado de Nós que, de repente, está só!

Querer

      Relendo meus poemas absorta em minhas incertezas, uma melancolia repousa em meu olhar de saudade. Febril de lembranças acolho em meus braços as tentativas que faço em manter-me distante. Dou colo para o vazio, dou memória para o vão. Transpiro palavras que inquietam e saboreiam a dor. Amanheceu em mim uma saudade tua que teço com maestria o que chamo de amor.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Falta

     Tento compreender, na saudade sentida, a tua ausência. A saudade desnuda a minha razão. Busco no meu silêncio e nas minhas palavras a tradução do que sinto. Teço a cada dia uma nuvem de sonhos que preencho com as lembranças do que vivemos.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

terra


      Ela busca o entendimento, com as mãos ávidas, na terra fresca, marrom, úmida. Com gesto de desespero busca algo que não sabe aonde enterraram. Quem enterrou? O que enterrou? Ela só sabe que precisa achar o que foi perdido. Precisa encontrar o que está embaixo da terra tão fértil aos olhos. Com as mãos cansadas pega um ancinho para facilitar a busca. De tanto mexer e remexer na terra, um capim verde cheiroso e frondoso cresce aos olhos. Passam os dias e a busca incensante não tem fim. Nada foi achado, também não tinha ideia do que estava realmente procurando. Fechou os olhos, encostou seu rosto cansado e ouviu o que nunca tinha sentido naquele capim verde que anunciava uma descoberta. O que procurava estava sempre aos seus olhos, dentro dela, cultivado, cuidado e bem guardado. Teu amor!

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Falando do amor


     Falo de amor! Um amor que encontra no Nó o início do elo construído. Amo o que reconheço de mim em ti e descubro que amo mais ainda, o que não vejo. Amo o teu oculto mistério que desacomoda e encanta o meu espanto. A lembrança colada com ousadia não quer esquecer. Os silêncios que leio calam certezas e sorriem para a dúvida. Traduzo em versos a poesia que vejo em Ti.

silenciando



    A parte que ficou, pedaço de Mim contigo desacomodou pedaço de Mim, comigo. Buscando nos momentos de ausência a presença sentida e vivida. Sinto saudade da possibilidade que sonhamos juntos um Nós, sem nada declarar!

Tristeza


   Busco em minhas lembranças a narrativa de mim. Surpreendo-me com teu olhar narrando meu olhar silencioso de ti. Sinto que nossa narrativa desacomoda a esperança. Pesando sobre o futuro uma decisão passada que não pode escutar o presente, por isso, ressente de Nós!