segunda-feira, 17 de março de 2014

matinal

Acordei com o gosto doce do teu beijo. Olhei para a janela e o dia iniciava com um lindo amanhecer. Lembrei do teu sorriso, das conversas ao pé da cama, dos corpos incendiados num abraço inesquecível. Lembrei da tua perna roçando delicadamente minha coxa. Vi teu olhar de sonhos. Li teus lábios silenciosos. Ouvi tuas palavras escritas que somente o Tempo sabia interpretá-las. Interpretei o gemido soprado. Olhei para o lado, sonhava contigo.

Vivendo...

     Busco em minhas lembranças a emoção do acalanto. Busco no que vivi respostas para perguntas que ainda não fiz. Busco na loucura que estou vivendo o entendimento de que nem tudo tem uma explicação. Busquei hoje a calmaria depois da tempestade. Encontrei forças no teu olhar que revela através das minhas palavras e da tradução do que sinto, um pouco de serenidade para ler que a vida, inconstância do Tempo, merece mais uma chance.

contornos

    Às vezes não compreendemos os escuros contornos que pincelam a nossa vida. Às vezes é difícil aceitar o que seres não tão humanos são capazes de fazer por impulso. Às vezes o dedo na ferida faz sangrar lembranças que deveriam estar na sacada do sonho. Só espiando o horizonte. Mas às vezes é muito importante descobrir que ainda existem pessoas tão humanas que causam espanto a quem admira a coragem de ser afeto.

Tradução

    Em cada Nó desatado busco a imperfeição. O que saiu errado. O que não vi. O que não compreendi. Desatar para ressignificar. Ressignifico minha dor para que o entendimento tome a frente e paralise-a. A dor devora meus sonhos mas revelam também aquilo que não tem tradução!

sexta-feira, 14 de março de 2014

rota

Ao mergulhar na imensidão do meu vazio
encontro lembranças que vivi intensamente
e outras que procuro esquecer.
Tenho em mim um olhar especial
que traduz com verdade o que sou.
Este olhar de encantamento e admiração
propõe a vida linear um desvio, uma nova rota.
Calço meus pés e desafio o vazio a revisitar
novas emoções.

domingo, 2 de março de 2014

creio

    Gosto dos tons que revelam a noite em mim. Gosto das lembranças que dá voz aos meus dias. Gosto do silêncio que cala uma certeza dando espaço para a dúvida. Gosto do escuro que revela a luz dos meus dias. Gosto de cada tristeza revelada em alegria, em viver. Gosto de estar feliz! Gosto do ir e vir do mar que encantam o suspiro do poeta. Gosto do que ainda não escrevi, da ideia em ebulição. Gosto da pausa que acolhe um amor. Gosto do silêncio que nada diz mas tudo compreende-se. Gosto de caminhar sozinha em busca de uma nova trilha silenciosa, inquieta, profunda. Gosto das pessoas que amam sem julgar. Não compreendo um olhar que aniquila sem dar chance a possibilidade. Gosto de acreditar que amanhã será diferente. 

jornada

Iniciamos uma jornada ao som de uma música trocada por e-mail. A música só fazia sentido cantarolada por ele. E para ele o cantarolar só tinha significado porque ela havia escrito com amor. Cada palavra dela escrita era desvendada, revelada e interpretada pela alma dele. Sairam sem rumo cantarolando amor e muita paixão.  O medo, refém de outrora, deu espaço para a canção que com sua melodia e leveza ritmou aquele casal. Ela sorri envergonhada, percebe a interpretação dele ao cantar suas letras. Só ele conseguia entender que foi os vãos do tempo sofridos por ela que deram espaço para que ele pudesse assoviar a melodia do vento que agora soprava um som de esperança.  

open

A porta abriu lentamente e um aroma disfarçava a tristeza do olhar. Entrei buscando encontrar as flores que marcariam o início do fim. O cheiro daquela sala vazia trazia a lembrança de um tempo de muitos silêncios, desencontros e reflexões. Andei devagar por cada peça despedindo-me. Em cada parede um traço marcado do que fui. Em cada vão a passagem para o novo. Não encontro nada além de ecos. Retorno com medo de ouvir passos que possam prender um desejo. Inicio um novo andar pé por pé.