A vidraça envelhecida conhecia a melancolia daquela menina, a cada suspiro uma lembrança de um tempo remoto vivido intensamente em seus sonhos perdidos. Silenciosamente calava seu amor e olhando para a vidraça, embaçada pelas memórias, confiava mais um segredo. Cantarolava ao tempo seu amor e sabia que um sopro acordaria a melodia conhecida por eles, seduzindo o silêncio e, trazendo, por encanto, o amor da sua vida!
Ela confessou seus sonhos mais loucos e seus medos mais insistentes. Relutou em perceber, que o tempo constrói as lembranças do que não aconteceu. O vão deixado pelos sonhos assombrava suas noites e encantava seus dias. Fitou o olhar perdido da sombra e encontrou o sorriso guardado na memória que não conseguia esquecer.