sexta-feira, 14 de abril de 2017

Os olhares provocam,
o silêncio revela.
Abri uma fresta para o desconhecido
ao mergulhar
no olhar vívido daquela
criança. 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Olhando nos olhos rasos de quem calou fundo a alma ela soprou suas lembranças. Um frescor de saudade invadiu o peito apertado. Olhou lentamente as memórias perdidas no tempo, procurou nas ranhuras da porta parte de sua história. Surpresa percebeu que a porta estava entreaberta.

segunda-feira, 13 de junho de 2016


O instante tem toque de demora.
Ele passa suavemente por nós. Toca o rosto deixando marcas de quem passou.
Toca a alma traduzindo em saudade o que deixou.
Toca o amanhã, esperança de quem viveu.
A demora é sábia. Faz transcrever a inspiração da pausa.

sábado, 9 de abril de 2016


     Ela esperava o silêncio. Acordou os sonhos para a vida. Ainda sentia o vento frio que saíra da boca daquele que um dia amou. Amou tanto que não percebeu o quanto afastava-se dele. O amor que um dia selou um encontro e uma esperança, tornou-se a bagagem. Essa foi a palavra que ecoava no tempo e no vento que soprava nos cabelos desalinhados. A vida construída, os medos, as alegrias, os sonhos desfeitos e outros tantos construídos, as vivências, o olhar de encanto no momentos que faziam amor. O toque, os suspiros, as pernas entrelaçadas, a pulsação, o coração... resumido em bagagem. Ela saiu caminhando sem olhar para o hoje. Pegou sua mala. Cuidadosamente teceu elos de ontem, hoje e amanhã. Escolheu cores lindas com nós desatados e outros tantos a atar. Sabia que a vida não caberia toda na mala. Seguiu pela estrada sentindo o calor da tristeza do olhar. Sentiu uma mão a roçar na alça da mala. Alguém que gostava, tanto quanto ela, da bagagem. Alguém que via encanto em descobrir também o que ali não estava guardado. Um contador de histórias, poeta das entrelinhas.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

domingo, 4 de outubro de 2015

Tenho em Ti


Tenho em mim um desejo que desconheço

tenho em mim um desassossego que estranhamente conheço.
Tenho em mim muitas pausas, muitas frestas.
Tenho em mim um silêncio que grita, um grito que adormeço.
Tenho em mim um vazio que pouco a pouco adormeço.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Ela aprendeu a lamber suas feridas, sozinha. Quanto mais sangra mais necessita lamber. A dor é evidente, não aparente. Acoada, ataca! Está com medo, muito medo do que poderá vir acontecer. Não tem palavras para explicar,não tem força, está cansada, muito cansada em sobreviver. Precisa de um tempo, de instante para que o medo encare o possível, somente o possível.