segunda-feira, 8 de outubro de 2018



Ela une o mar com seu olhar. Pega pelo instante do inesperado, algo totalmente sedutor e desconcertante, descobre que é mais sensível e livre do que pensara. Pergunta-se frequentemente: Que espaço é esse que criei do lado de dentro que não para de crescer?
Ela tem uma embriaguez diapasã, enamora o Tempo de separação, num intervalo de si. Insinua ao Vento o que sente, devir! 
O Vento sem compreender indaga?
O que passa?
E ela que une o mar ao teu olhar respondeu:
Tudo me acontece! Tudo me toca! Legitimo o que sinto! Em cada palavra a construção da desconstrução necessária. Vivo em um grande espiral. Inicio em pequenas voltas, mas num impulso de desejo e lucidez mergulhei profundamente onde pensava não estar. Descobri que preciso demorar-me, despretensiosamente, para compreender aquele instante que tu, vento fugaz, não compreendeu.
O que importa então? Pergunta, curioso, o vento.
Descobrir quais sonhos nos sustentam! Quais loucuras são sãs!  Quais espaços ocupam nossos silêncios.
O Vento, sem pressa, responde: Ah! Descobriste o Tempo de dar-se ao teu amor.
Sim! Me coloquei em frente ao Sol!

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Os olhares provocam,
o silêncio revela.
Abri uma fresta para o desconhecido
ao mergulhar
no olhar vívido daquela
criança. 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Olhando nos olhos rasos de quem calou fundo a alma ela soprou suas lembranças. Um frescor de saudade invadiu o peito apertado. Olhou lentamente as memórias perdidas no tempo, procurou nas ranhuras da porta parte de sua história. Surpresa percebeu que a porta estava entreaberta.

segunda-feira, 13 de junho de 2016


O instante tem toque de demora.
Ele passa suavemente por nós. Toca o rosto deixando marcas de quem passou.
Toca a alma traduzindo em saudade o que deixou.
Toca o amanhã, esperança de quem viveu.
A demora é sábia. Faz transcrever a inspiração da pausa.

sábado, 9 de abril de 2016


     Ela esperava o silêncio. Acordou os sonhos para a vida. Ainda sentia o vento frio que saíra da boca daquele que um dia amou. Amou tanto que não percebeu o quanto afastava-se dele. O amor que um dia selou um encontro e uma esperança, tornou-se a bagagem. Essa foi a palavra que ecoava no tempo e no vento que soprava nos cabelos desalinhados. A vida construída, os medos, as alegrias, os sonhos desfeitos e outros tantos construídos, as vivências, o olhar de encanto no momentos que faziam amor. O toque, os suspiros, as pernas entrelaçadas, a pulsação, o coração... resumido em bagagem. Ela saiu caminhando sem olhar para o hoje. Pegou sua mala. Cuidadosamente teceu elos de ontem, hoje e amanhã. Escolheu cores lindas com nós desatados e outros tantos a atar. Sabia que a vida não caberia toda na mala. Seguiu pela estrada sentindo o calor da tristeza do olhar. Sentiu uma mão a roçar na alça da mala. Alguém que gostava, tanto quanto ela, da bagagem. Alguém que via encanto em descobrir também o que ali não estava guardado. Um contador de histórias, poeta das entrelinhas.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

domingo, 4 de outubro de 2015

Tenho em Ti


Tenho em mim um desejo que desconheço

tenho em mim um desassossego que estranhamente conheço.
Tenho em mim muitas pausas, muitas frestas.
Tenho em mim um silêncio que grita, um grito que adormeço.
Tenho em mim um vazio que pouco a pouco adormeço.