Vou viver na minha solidão as palavras que nunca disse. Vou viver as palavras não ditas, outras esquecidas, outras proibidas. Vou sem precipitar escutar o silêncio e descobrir o que quero viver. Vou sair por aí, ensandecida, e descobrir que nasço a cada descoberta de um jeito diferente. Sou muitas, sou várias, mas todas com o mesmo objetivo, não me perder!
Num lapso a solidão entregou a alma livre nas mãos delicadas de afeto daquela mulher. O amor calado construiu uma linda rede na sacada da esperança em frente ao mar. Em cada balançar remexia lembranças, distraída ficava a contemplar a felicidade. Passos ternos e lentos se aproximaram, ela não viu o Tempo passar!
Ao ouvir a melodia da vida causa-me espanto o fugir! Até quando fugiremos das coisas simples sem tempo de olhar-mo-nos para nossos espelhos de sonhos, paralisados por medo de acordar. Acordei! Organizo o tempo do meu relógio, que conta os minutos que ainda não vivi, como um relicário guardado no abraço que transformou a desdobra das nossas mãos em poesia!
A flor da minha pele descansa no desvio da minha emoção. No caminho, o que deixei para trás tem o tom de algo que não reconheço. Revisito minhas lembranças e tuas palavras confundem-se com as minhas, um emaranhado de Nós que, de repente, está só!
Relendo meus poemas absorta em minhas incertezas, uma melancolia repousa em meu olhar de saudade. Febril de lembranças acolho em meus braços as tentativas que faço em manter-me distante. Dou colo para o vazio, dou memória para o vão. Transpiro palavras que inquietam e saboreiam a dor. Amanheceu em mim uma saudade tua que teço com maestria o que chamo de amor.
Tento compreender, na saudade sentida, a tua ausência. A saudade desnuda a minha razão. Busco no meu silêncio e nas minhas palavras a tradução do que sinto. Teço a cada dia uma nuvem de sonhos que preencho com as lembranças do que vivemos.