domingo, 15 de junho de 2014

janela

        A tristeza marca o tempo de um vento incerto que bateu na minha janela, sem pedir licença para entrar. Fechei os olhos e senti o vento forte acarinhando meu rosto. Puxei a cortina da razão para que este vento não encontrasse em meu caminho as lágrimas que deixei escapar. Por um tempo sei que este vento ainda trará lembranças minhas de um dia que fui vista com a janela do teu olhar.

suspiro da alma

        Percebi com o tempo que cada movimento tem o vento certo. Encontro no soprar de cada suspiro da minha alma o quão difícil é recomeçar. Precisei descortinar certezas, enganar o soluço da tristeza e resgatar o que sobrou de mim. Sei que as palavras fazem sentido no momento que dou vida à elas. Em cada palavra digitada um pouco de mim, revelada. Sou assim, inquieta, intensa em busca de respostas que não posso dar. Por isso espero, calmamente o vento que insiste em soprar trazendo você para mais perto das minhas lembranças que persistem em meu olhar. 

domingo, 8 de junho de 2014

distrair

E num sobressalto da minha alma inquieta observo a distração.  Engana-se quem acredita que estar distraído é apenas um ato de descuido.  Se prestarmos atenção no suspiro que dela advém,  descobriremos que ela revela onde realmente estamos de corpo e alma. Por isso, ao distrair-se delicie esta sensação de perder-se um pouco, abandonando certezas, abrindo espaços para grandes surpresas!

Hoje acordo com uma enorme saudade de Nós, dos olhares compartilhados,  das conversas inquietantes. Sinto uma saudade do Tempo vivido, mas roubado por nossos olhares fixados no espanto em amar.

delicatessen

Das teias que teço em meu viver encontro nós que delicadamente desato transformando-os em pequenos laços. Em cada laço um registro de sobrevivência.  Destes laços, desatados, descubro que ao abri-los encontro espaços para o inesperado, o surpreendente. Descubro no desdobrar da dor a esperança em recomeçar. 

Versus

Traduzo a minha vida em versos
que acalantam a dor sentida
que persiste em ficar.
Com a força de um vendaval
compreendo que não estou  mais
no mesmo lugar;

domingo, 1 de junho de 2014

Pari!

    Em meus devaneios nas madrugadas úmidas de lembranças palavras ecoam, embaralhando meus pensamentos e sono. Sem lógica elas começam a pular procurando a vida em busca de uma história a eternizar. Fecho os olhos, na tentativa de esquecê-las, mas esqueço que palavras são como filhos que precisam nascer através de nossas mãos, dedos. Necessitam ser abraçadas, acariciadas, compreendidas, paridas com a dor e temor vividas. Escuto o pulsar, o ritmo de cada letra no teclado. Juntas começam uma dança, dando vida a trilha da minha emoção!