sábado, 27 de setembro de 2014

O grito dado, pela menina silenciou a alma,
acomodando os sentimentos, 
aguçando os sentidos, 
inquietando as certezas de quem descobriu na loucura uma maneira lúcida 
de ser feliz!

domingo, 7 de setembro de 2014

Desarticulação

        E num abraço o medo desarticulou meu Ser. As certezas que antes pareciam certeiras viraram dúvidas.  Gosto da desarticulação que aponta o que há verdadeiramente por trás dos nossos medos infantis. Ao deparar-me com o medo reencontro na memória a permanência de alguns momentos. Reinterpreto o que vivi com a lucidez e a loucura de Ser quem sou.

domingo, 31 de agosto de 2014

Brisa

Por quanto tempo um amor pode durar?  perguntei ao velho sábio sentado ao lado da maior figueira já vista. Ele olhou-me com a tranquilidade e sabedoria de quem sabe compreender o silêncio do tempo e calmamente falou: amor não tem tempo. Enquanto teus olhos lerem os dele, compreenderes os medos que pairam somente em que ama, entenderás que o amor é a capacidade de ir  na brisa do vento escabelada, apaixonada em sentir. Olhou para baixo, alcançou para minhas mãos uma flor e com um pequeno gesto assoprou o que um dia eu chamei de proteção.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Cactus

E o cactus que cresceu e sobreviveu a tantas dores e desencontros e que gosta de sol e nele vê sua maior alegria, surge com a força de toda a sua fragilidade. Gosta do calor das relações,  gosta do silêncio do deserto. Vê em seus espinhos a coragem em mudar. E a flor quando desabrocha encanta àqueles de olhar sensível que conseguem ver além dos espinhos.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Contradição

      Sou assim menina da curva do vento, onde a vida é só movimento, sem retas, somente curvas sinuosas, com sobressaltos, lágrimas de mel e sal como disse certa vez um amigo. O tempo foge das minhas mãos, mas vou buscar, de alguma maneira, tentar segurá-lo entre meus dedos para que este movimento possa subverter a linearidade oculta da vida. Sou a provocação de tudo que pulsa em Mim.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

negação

Ela encostou o rosto no ombro dos seus sonhos. Fechou os olhos buscando em suas lembranças a escuridão que professava o caos. Abrindo os olhos lentamente, enlaçou seus finos dedos nas mãos delicadas do amor da sua vida. Olhou fixamente em seus olhos, pronunciou palavras sem precisar nada dizer. Acolheu o medo do futuro visto no semblante daquele homem frágil ao afeto. Com um abraço amoroso acolheu a aflição do momento adivinhando o encantamento que ele sentia. Dormiram assim, exaustos, corpos colados, calados, suspirando a liquidez do momento único.

atentado

Ela entrelaçou suas pernas no sonho daquele homem. Seus corpos frágeis acolheram o desejo anoitecido. As cegas mãos buscavam a cumplicidade vista no amanhecer daquelas almas que encontraram o amor. Bocas ávidas calavam palavras, molhavam esperanças anunciando a loucura de um querer há muito tempo, atento.