quinta-feira, 31 de outubro de 2013

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Com o tempo aprendi a contemplar
a vida através dos nossos olhares.
Hoje acordei, 
de olhos fechados.

madrugada



Sento na minha rede e balanço a minha solidão. Ela precisa ser acalantada para sentir-se leve. A melancolia que ela traz no seu balançar remexe a emoção. Olho para as minhas lembranças que a cada dia ficam mais distantes de mim. Um rosto que aos poucos vai ficando embaçado, uma voz que ecoa com o som, mas sem o tom. A emoção traduzida na palavra que sela os momentos vividos intensamente. Sei falar mais da dor do que de amor. Apesar de ter sido por amor que entendi a dor. Paradoxo do viver! Acendo a vela e o incenso, as letras conseguem traduzir em palavras o que chamamos de solidão. Não tenho com quem compartilhar o som. Abro uma coca cola. A pouca luz faz com que os pensamentos fiquem mais leves, não gosto da escuridão. O movimento da chama aquece minha alma. O silêncio absoluto é interrompido com a estridulação do grilo que canta para quebrar a monotonia da noite. Revisito meu olhar para compreender o meu espanto e a minha intimidade com a solidão. Ouço Norah Jones, Adele e entendo que o meu espanto está em descobrir que estou acompanhadamente só.

querer

Com o sopro do Vento
compreendo que a ausência
é a melhor compreensão
do Tempo 
em que te quero! 

Autorretrato


Olho para a tela em branco. Busco a inspiração revisitando meus sonhos. As primeiras pinceladas faço num tom de esperança. Descubro em cada traço marcado, pichado na tela a revelação das marcas silenciosas expostas em meu corpo. Solto o pincel! Não quero nada entre mim e a criação. Com as mãos sujas de tinta deslizo delicadamente meus dedos fazendo pequenos borrões. Curiosamente leio em cada borrão um pouco do que vivi. Sonhos achados e perdidos misturam-se às lembranças vividas e recriadas, Afetos que dão forma a um corpo Só.
Fixo meu olhar na tela semipronta, um aparente caos de cores acabam por trazer a lucidez poética. A tela inacabada suscita contornos abstratos que o tempo moldou com os olhos da alma. Reconheço na obra, algo muito familiar

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Ao teu lado

Um homem busca freneticamente o sentido da sua existência. O medo ora visto como infantil toma a proporção de uma calmaria assustadora, medo compreendido em silêncio. Seus dias e noites sopram o desejo febril de mudança. Fecha os olhos e descobre que necessita desapreender algumas certezas para estar Só ao lado dela.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

teia

A mulher Teia lê na compreensão
dos buracos,
 deixados por ti,
o encerramento do entrelaçamento
que um dia chamou de sonhos
e ele de escolhas.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

amor

Encontro um homem que lê em meu olhar
o que ninguém escreveu.
As palavras não precisam
de tradução
o essencial está na cumplicidade da relação.
Amo este homem em cada detalhe
antes imaginado
e agora revelado
no silêncio de um olhar.