quarta-feira, 21 de maio de 2014

Falta

     Tento compreender, na saudade sentida, a tua ausência. A saudade desnuda a minha razão. Busco no meu silêncio e nas minhas palavras a tradução do que sinto. Teço a cada dia uma nuvem de sonhos que preencho com as lembranças do que vivemos.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

terra


      Ela busca o entendimento, com as mãos ávidas, na terra fresca, marrom, úmida. Com gesto de desespero busca algo que não sabe aonde enterraram. Quem enterrou? O que enterrou? Ela só sabe que precisa achar o que foi perdido. Precisa encontrar o que está embaixo da terra tão fértil aos olhos. Com as mãos cansadas pega um ancinho para facilitar a busca. De tanto mexer e remexer na terra, um capim verde cheiroso e frondoso cresce aos olhos. Passam os dias e a busca incensante não tem fim. Nada foi achado, também não tinha ideia do que estava realmente procurando. Fechou os olhos, encostou seu rosto cansado e ouviu o que nunca tinha sentido naquele capim verde que anunciava uma descoberta. O que procurava estava sempre aos seus olhos, dentro dela, cultivado, cuidado e bem guardado. Teu amor!

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Falando do amor


     Falo de amor! Um amor que encontra no Nó o início do elo construído. Amo o que reconheço de mim em ti e descubro que amo mais ainda, o que não vejo. Amo o teu oculto mistério que desacomoda e encanta o meu espanto. A lembrança colada com ousadia não quer esquecer. Os silêncios que leio calam certezas e sorriem para a dúvida. Traduzo em versos a poesia que vejo em Ti.

silenciando



    A parte que ficou, pedaço de Mim contigo desacomodou pedaço de Mim, comigo. Buscando nos momentos de ausência a presença sentida e vivida. Sinto saudade da possibilidade que sonhamos juntos um Nós, sem nada declarar!

Tristeza


   Busco em minhas lembranças a narrativa de mim. Surpreendo-me com teu olhar narrando meu olhar silencioso de ti. Sinto que nossa narrativa desacomoda a esperança. Pesando sobre o futuro uma decisão passada que não pode escutar o presente, por isso, ressente de Nós!

quarta-feira, 30 de abril de 2014

sonhos


Ela chegou de mansinho, encostou seu corpo delicado no dele e sussurrou que podiam recomeçar.  No quarto, pequenas velas iluminavam o refúgio que o vento escolheu para libertar as palavras transcritas em versos. Ele com o olhar amoroso,  artesão das palavras, ouvia atento cada som saído pelos lábios daquela mulher e criava lindas imagens tatuadas pelo corpo. O que antes era dor e lágrima agora, transformada em lindos versos. O som que libertou a dor virou poesia!
Ele olha para ela e compreende que o poema que pousa nos olhares reflete o que é lido no corpo nu, vestido por transparências de sonhos  que um dia sonharam juntos.

Te quero!

Ela deitou seus cabelos emaranhados no travesseiro dos sonhos. Com seus dedos finos tentou sentir o que atravessava sua alma. Chovia dentro da sua emoção e machucadamente percebeu que o Tempo, numa contagem regressiva, anunciava a distância e aproximava a solidão. Desejava surpreender os Nós que os emaranhados assombravam com estranheza. Sentia no estranho certa beleza! Mas seus dedos delicados teciam uma inquietude que revelava: esquecer é desistir. Com um suspiro de poesia encontrou a nudez e a mudez de uma emoção, transbordando a grandeza em querer!