domingo, 27 de janeiro de 2008

Passos



Ela caminha, abandonou seus passos livres sem calçados, calçou os pés em busca de um caminho. Sentou na grama úmida do entardecer e viu o abismo florescer. O que estava tão confuso, foi no abandono, no escuro, que conseguiu ver.
O olhar revelou o desejo, o entendimento subjetivado das palavras mostrou o conhecimento. Aos poucos, reparou no oculto, pressentiu e ouviu a emoção dedicada.
Ela sempre quis ser livre, via o afeto como prisão, defesa do medo! Despe as verdades e nua pede que a prenda em seus braços. Agora consegue ver na escuridão, confusão, com fusão.. pressente o que está por vir.
Palavras reveladas no mais íntimo silêncio, a ausência que transforma em presença. Palavras ditas, o não revelado...a voz que ouve com a razão. A verdade dita e pronunciada tantas vezes. A frustração que eleva a dor, o cuidado que leva ao entendimento, o distanciamento necessário, o tempo de reconhecer o amor!!!
Agora ela olha para ele de frente, palavras faladas com emoção, o elo na contramão do real, sua vida tão longe e tão perto.
Os passos incertos levaram-na a outro lugar, revelação! Mesmo distante escutou sua voz, sua gargalhada. O vento soprou que ele a adora. Não dá pra disfarçar, ela tenta mas não quer se enganar, está inteira, intensa mas a emergência dissipou pra outro lugar.
Agora sonha com os pés no chão, sabe que amar não é só um vento, pede mais que um momento, é algo que vem de dentro, num movimento próprio e quer pertencer. Não! não quer esconder o encantamento persiste e insiste em querer.
Levanta com a leveza conquistada e caminha passo a passo, não quer mais correr, atropelar o que é essencial. Descobre o que parecia não ter nexo, escuta do vento respostas que somente ela poderá compreender.
Chris

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