quarta-feira, 27 de novembro de 2013

off

Olhei em meus olhos
contidos em Mim.
Acenei ao presente
um amanhã
que virou passado
sem eu perceber.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

horizontalidade

Sou inquieta! Na inquietude em que vivo descubro a beleza em ser quem eu sou. A cada instante vivido, em cada dor suportada encontro um pouco mais de mim. O desconhecido faz a sensação do frio na espinha, conhecedor de quem não tem medo, virar o jogo. Gosto de jogar, gosto da aventura em saber sempre mais. Um bom jogador é aquele que vê na incerteza um novo caminho, um novo renascer. Renasço a cada dia nas situações mais insuportáveis e menos previsíveis. Somos capazes sim de ver sempre um novo caminho quando não se espera pelo horizonte. O horizonte é linear mas, são nas pequenas curvas que me encontro. Hoje, olho sempre para trás com o entendimento do que sobrevivi. Sobrevivo além do que espero de mim. Busco nos cantos em que habito sentido nas circunstâncias como são colocadas. Não sei viver na horizontal, preciso da verticalidade para desconstruir um horizonte que não existe. A impermanência é vista como arte e, criar raízes seguras é para quem não vê na vida a poesia invisível em sentir. 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

FOME

 Devoro a tua fome com meu olhar faminto de mim. 
A expressão da ilusão transparece entre nós, 
mutação do acaso. 
Transformo o amanhã em intuição que paralisa a minha emoção. 
O meu amanhã, miragem do desejo, sussurra o desconhecido.  
O que guardo em meu sótão além do que já vivi? 
A estranheza em conhecer o desconhecido. 
Encosto a minha cabeça no encantamento perturbador. 
O pranto confessa 
que a palavra liberta o que realmente sou.

Caixa de Pandora

     A reflexão é uma arte, assim como escrever é um ato de coragem! Viver é uma arte, mas dar sentido a ela é o que considero obra. Somos todos artistas em busca da compreensão dos fatos, das sensações e sentimentos das nossas vidas. 
      A vida de cada um de nós é uma gigantesca caixa de Pandora. Todos nós ganhamos uma de presente ao nascer. Ao crescermos, abrindo-a ou não, todos os nossos medos, temores, aflições, desenganos, decepções, abusos, abandonos, traições começam a imergir. Uns bem lentamente, outros latente. O nosso propósito é encontrar o toque suave, o sopro macio que fará a caixa fechar lentamente.
Porém, depois que descobrimos o que nela havia, nossas vidas mudam radicalmente. A caixa será aberta! Basta saber se nós estaremos preparados para abrirmos a nossa. 
    Eu recebi uma enorme, com um laço imenso, mas delicado. A minha caixa é bem maior do que a média. A cada dia, ao acordar, lembro de vê-la em algum lugar da minha estante. Tento esquecê-la num despiste infantil em acreditar que aquilo não vejo, não pode existir. Tenho uma relação harmônica com ela, desigual, mas em harmonia. Desigual pelo fato que ela abre e me presenteia quando quer, com mais desafios e dores do que com alegrias e amores. Mas credito a ela todo o meu conhecimento e as minhas grandes surpresas também. Penso: se não tivéssemos a nossa caixa de Pandora como compreenderíamos as nossas dores, os outros? Que empatias teríamos? Quais os elos existiriam para este entrelaçamento? 
   Ao abri-la deparo-me com a minha curiosidade, com a disponibilidade em querer entender o caos aparente. Assim pude perceber que podemos controlar nossas reações, mas nunca o que está para acontecer.
   Gosto da minha caixa, nas madrugadas longas de insônia, vasculho a estante procurando encontrá-la. Mas a verdade é que nunca encontro-a fora. Travo uma busca incensante onde sou vencida pelo cansaço e pelas dúvidas que ela provocou. Lentamente organizo, ou não, meu pensamento e escrevo tentando dar uma resposta para ela. A busca sempre fez parte de mim.

maybe


Talvez eu queira ficar
sozinha
talvez eu queira 
companhia.
Talvez eu saia 
por aí
talvez eu queira
encontrar um lugar.
Talvez eu tenha
que ir
talvez tu queiras que eu vá!
Talvez eu queira
somente um olhar
de quem sabe
fazer lindos penteados
soltos pelo ar!

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

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Com o tempo aprendi a contemplar
a vida através dos nossos olhares.
Hoje acordei, 
de olhos fechados.

madrugada



Sento na minha rede e balanço a minha solidão. Ela precisa ser acalantada para sentir-se leve. A melancolia que ela traz no seu balançar remexe a emoção. Olho para as minhas lembranças que a cada dia ficam mais distantes de mim. Um rosto que aos poucos vai ficando embaçado, uma voz que ecoa com o som, mas sem o tom. A emoção traduzida na palavra que sela os momentos vividos intensamente. Sei falar mais da dor do que de amor. Apesar de ter sido por amor que entendi a dor. Paradoxo do viver! Acendo a vela e o incenso, as letras conseguem traduzir em palavras o que chamamos de solidão. Não tenho com quem compartilhar o som. Abro uma coca cola. A pouca luz faz com que os pensamentos fiquem mais leves, não gosto da escuridão. O movimento da chama aquece minha alma. O silêncio absoluto é interrompido com a estridulação do grilo que canta para quebrar a monotonia da noite. Revisito meu olhar para compreender o meu espanto e a minha intimidade com a solidão. Ouço Norah Jones, Adele e entendo que o meu espanto está em descobrir que estou acompanhadamente só.